quinta-feira, 31 de março de 2016

Em homenagem póstuma a um grande homem

Memória viva
Todos nós,durante nossa infância,adolescência tivemos presenças marcantes em nossas vidas.
Eu, tive avós maravilhosos...meu avô Osório que me deu as noções iniciais do espiritismo, meu pai que sempre foi meu porto seguro apesar de nossas diferenças ideológicas ,com ele fui (juntamente com meu marido) para a maternidade ter meu primeiro filho, minha vó Rosa e meu vô Teixeira com a sábia palavra dos humildes porém dignos e trabalhadores,minha tia Geny que da minha infância até minha maturidade assumiu com um banho de Amor e afeto a função de mãe.
Mas...tive um tio que era meu grande amor
Esse tio chamava-se Paulo Bartolomeu Viegas de Medeiros,sempre foi meu tio predileto.
Quando criança ao ver ele chegando corria para ganhar aquele abraço acolhedor que só ele sabia me dar,amava aquele olhar inteligente e o sorriso meio doce,meio sarcástico
Quando fui para a Universidade fazer História em plena Ditadura,por várias manhãs eu o encontrava na Praça XV indo para Niterói ,sempre elegante ,de terno ,e sorrindo ,logo eu ouvia "minha sobrinha bonita,venha cá me dê um beijo"
Em um desses encontros eu comentei com ele que andava em busca de um determinado livro(não citarei ,direi apenas que eram 3 volumes) e que não os encontrava pois haviam sido censurados.
Ele,meu tio Paulão,sorriu e falou "se aquiete, espere um pouco quem sabe consegue?"Acho que minhas primas Luciana Viégas e Renata Kühn não sabem dessa História...
Esses livros haviam sido retirados inclusive da Biblioteca Nacional,e eu precisava deles para um trabalho que eu pretendia apresentar da forma mais completa possível.
Menos de um mês depois,lá nas barcas nos encontramos....ele tinha nas mãos um embrulho em papel pardo, e dentro os 3 volumes em espanhol..como ele os conseguiu nunca soube,mas marcou por demais minha memória.
Ao me formar, convidei todos os parentes deixei os convites em minha vó Elza....
Na noite de minha formatura,assim que entrei no auditório da UFF,em uma das últimas fileiras, sentado próximo ao corredor lá estava ele, o que mais me lembro?foi da fila empacar pois parei para abraçá-lo.
Meus pais,minha tia Geny,todos lá ...mas, a sensação de realização, de prazer, de alegria que senti em grande parte coube a esse abraço tão significativo que recebi.
Nunca mais ouvi.."minha morena bonita","minha sobrinha bonita...nunca mais consegui ouvir Moraes Moreira cantando 3 meninas do Brasil sem me lembrar dele cantarolando pra Luciana,Renata e Paulinha.
Nunca mais esqueci dele dançando com minha tia Mirinha(Myriam Kühn),na sala de minha mãe O Balancê.....
E hoje,tantos anos depois tudo isso me vem à tona,me traz a sensação de uma saudade doce,uma alegria de ter tido tantos momentos especiais naquela barca com ele.
Aonde ele estiver,ele receberá meu carinho e meu obrigada
Claudia.Cbr

P.S Na foto ele e minha tia Myrinha


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