ALEX SOLNIK
29 de Agosto de 2016
29 de Agosto de 2016
Os senadores golpistas estão à beira de um ataque de nervos por causa do confronto com a presidente Dilma dessa segunda-feira que promete.
No apagar das luzes do depoimento das testemunhas, ontem à noite, o pusilânime senador José Medeiros revelou toda a sua covardia quando pediu ao presidente do impeachment, Ricardo Lewandowski para impor limites ao depoimento dela, sob a justificativa de que ela faria provocações, com o que Lewandowski não concordou.
Hoje, seu colega Cássio Cunha Lima voltou de novo ao tema da censura declarando ao Estadão:
“Não podemos admitir que ela use a palavra golpe numa sessão presidida pelo presidente do Supremo”.
Pobre senador! Talvez não saiba que o artigo 5º. da constituição brasileira garante o livre direito de expressão para qualquer cidadão brasileiro.
Além de quererem cassar seu mandato sem nenhum motivo querem também cassar sua palavra.
A preocupação deles é explicável. A sessão de segunda-feira será vista atentamente por milhões de pessoas no Brasil e em vários países. E eles têm medo de aparecerem como golpistas diante do mundo.
Não há dúvida que ela não vai poupar ninguém, principalmente os que foram seus aliados e a trairam. Especialmente seus ex-ministros ou ex-ministros de Lula, tais como Fernando Bezerra, Marta Suplicy, Cristóvão Buarque. Ela não teme encarar quem quer que seja num debate, o que já demonstrou na juventude. Ela é boa nisso.
Durante um congresso do grupo que integrava, a Vanguarda Popular Revolucionária, em 1969, manteve uma discussão acirrada durante vários dias e noites com um dos maiores ídolos da esquerda, o capitão Lamarca, que sabia muito de luta armada mas quase nada de ideologia e o encurralou.
No último dia de discussão preparou uma peça especial. Compôs, em parceria com um colega, uma versão satírica do grande sucesso da época, “País Tropical” e o cantou para ele, que usava o codinome “Capitão”, na frente de todo mundo.
Dizia mais ou menos assim: “Este/ é um congresso tropical/ abençoado por Lênin/ e confuso por natureza/ em fevereiro/ em fevereiro/ tem Juvenal/ tem Capitão/...”
Ele não aguentou a sátira. No dia seguinte bateu em retirada, abandonou o grupo.
Tal como fez com Lamarca, na cara de quem esfregou a sua confusão ideologica, Dilma vai esfregar o golpe na cara dos golpistas.
Ou eles batem em retirada ou serão desmascarados em público.
Talvez ela apresente uma nova sátira, chamada "Impeachment tropical", mais ou menos assim:
“Este/ é um impeachment tropical/ abençoado por Temer/ e golpista por natureza/...
ALEX SOLNIK
Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão", "O domador de sonhos" e "Dragonfly" (lançamento setembro 2016).
Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão", "O domador de sonhos" e "Dragonfly" (lançamento setembro 2016).
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