domingo, 11 de setembro de 2016

Deixemos os bodes no quintal(semeando bodes)



Há uma parábola hindu, providencialmente adaptada para a realidade nacional, que bem define este governo golpista, antipopular, gerente dos interesses da classe dominante: um sujeito procurou um cúria, e aí pode ser um padre, pastor ou político, e reclamou: - minha vida está horrível, estou cheio de dívidas, a mulher reclamando, os filhos doentes, a minha tevê quebrada, estou desempregado... O meu único bem é um bode, que fica no quintal, ao que o cúria respondeu: - tire o bode do quintal, proteja-o, coloque-o na sala.
Assim foi feito, e um mês depois o sujeito voltou: - agora desgraçou tudo, o bode roeu a poltrona, caga na sala toda, uma inhaca de mijo com cheiro de bode, a minha mulher quer ir embora de casa... E o cúria: - tire o bode da sala, coloque-o de volta no quintal.
Encontrando-se, casualmente, com o sujeito, o cúria perguntou: - e aí, como anda a sua vida? Tendo como resposta: - melhorou muito! Só em ter me livrado daquele bode na sala foi uma benção.
Formado em grande parte por maçons, por isso mesmo místicos, maquiavélicos, com o domínio das técnicas de persuasão pelo terrorismo, o governo golpista vem sistematicamente usando o que chamo de a “técnica do bode”, experimentando e recuando, quando não dá certo, como aconteceu com a extinção do MinC, ou colocando um bode em nossas salas, para aparentemente aliviar depois.
Agora jogou a conversa fiada de 12 horas de jornada diária, o bode, para que mais adiante aceitemos 9 ou 10 horas de jornada, aliviados por não serem 12.
O governo traíra sabe que não tem como revogar a CLT, porque alguns dos seus artigos estão apoiados na Constituição, além de vasta legislação complementar, mas alardeia isso, o bode, para que nos contentemos, aliviados, com a mudança nos contratos de trabalho, aceitando terceirização, contrato temporário e pagamento por horas trabalhadas, agradecendo a Deus não terem terminado com o décimo terceiro, as férias e o FGTS, os bodes.
Na reforma da Previdência alardearam aposentadoria com 70 e até 75 anos, o bode, para ficarmos satisfeitos com os 65 anos.
Ameaçam avançar sobre os pensionistas por doenças graves e/ou deficiências físicas e intelectuais, reduzir o tempo de licença maternidade... Os bodes, para que nos contentemos com perdas menores, reavaliando os critérios para as pensões por invalidez, por exemplo.
Afirmam que os direitos do país estão acima dos direitos individuais, uma maneira de dizerem que não reconhecerão direitos adquiridos, o bode, de maneira que aceitemos composições, mascaradas de concessões.
Semeiam bodes, na esperança que o cheiro nos desespere, mas cabe a nós não entrar na conversa, deixando os bodes no quintal, ou indo para as ruas, para sumir com os bodes e semeadores de bodes..
Francisco Costa
Rio, 11/09/2016.

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