quinta-feira, 29 de dezembro de 2016
O Häagen-Dazs de Temer e a obscenidade da burguesia
EDITORIAL 28 DE DEZEMBRO | A elite brasileira é conhecida pela indecência de seu comportamento social, o mal gosto de seus hábitos culturais e o cinismo de seu discurso público. Mas quando se trata da casta política que a obedece, essas características adquirem traços particularmente grotescos.
O senhor presidente sem voto, Michel Temer, é um exemplar peculiar dessa espécie tupiniquim. Adepto do uso de mesóclises, o velhote disse certa vez, orgulhoso e afetado, que “… sê-lo-ia pela minha formação…”. Sê-lo-ia exatamente o que, cara pálida?
O candidato a coveiro da previdência pública se aposentou aos 54 anos, mas quer que os trabalhadores tenham o mesmo direito só aos setenta, já quando estiverem à beira da morte.
Incitado por uma burguesia sedenta de sangue, Temer exige todo tipo de “sacrifícios” do povo. Pretende, com isso, eliminar “privilégios”. Nada melhor que suprimir os “excessivos” direitos trabalhistas, essas malditas regras que penalizam os pobres empresários, essas vítimas da ganância dos operários.
Mas se o prato para os trabalhadores é servido de pão e água, no avião presidencial “sê-lo-ia” bem diferente. O Palácio do Planalto abriu uma licitação para contratar serviços de alimentação nos aviões que atendem a Presidência da República. O valor total estimado chega a R$ 1,75 milhão. Uma afronta.
Um dos destaques da lista de alimentos solicitados é o creme de avelã da marca Nutella. Segundo o documento, o preço estimado por cada embalagem de 350 gramas é R$ 39,00. Em qualquer loja se encontra o mesmo produto por cerca de vinte reais.
Ante ao escândalo da merenda presidencial, a licitação foi cancelada pelo governo. Outro destaque é o pedido de 500 potes de 100 gramas do sorvete tipo premium da marca Häagen-Dazs, pelo preço de R$ 15,09 cada um. O preço do sorvete também é mais alto do que é possível encontrar nos supermercados.
Quem se surpreende? Temer fez carreira sólida como ardiloso negociante das sombras, como arranjador habilidoso de interesses inconfessáveis da quadrilha de políticos no Congresso. Aquela especializada no assalto aos cofres públicos, da qual o PMDB é o líder inconteste.
Com a benção de Lula – que sempre foi tão generoso com essa gente, embora a recíproca não seja verdadeira -, Temer não hesitou em se aliar ao PT em troca de oferendas gordas do comissariado petista. Mas quando o barco de Dilma começou a afundar “o mordomo de filme de terror” se pôs, gentilmente, à disposição da trama do golpe parlamentar.
Temer resume em sua biografia e personalidade o caráter da classe dominante desse país: Inescrupulosa, traiçoeira, gananciosa e pobre, este último apenas de espírito. O futuro do Brasil passa, definitivamente, por jogar essa classe de imprestáveis na lata de lixo da história. Chegará o dia, mais cedo ou mais tarde
By Esquerda Online
O Brasil de TEMER
Coxinhas devem estar felizes kkkkkkkkk
Conheço umas,avós que esquecem que sua netinha encarará isso no futuro....
Conheço outra sociopetralha que esquece que é classe média e seu baby vai encarar isso
quarta-feira, 28 de dezembro de 2016
24 Ensinamentos que 2016 me deu (o 11 é o mais importante)
2016 foi um ano de muita turbulência, onde muitas coisas aconteceram.
Para os que acreditam em astrologia, esse ano foi um ano de encerramento, de muitos términos, onde muitos ciclos se acabaram, o que trouxe muitas coisas ruins, mas também muitas coisas boas.
Eu sempre acreditei no poder da mudança. Acho que mudanças são extremamente importantes na vida de cada um, e que devemos saber apreciá-las e tirar o melhor de cada uma delas.
2016 foi um ano de muitas mudanças para mim, e com tudo isso eu aprendi muita coisa que com certeza levarei pros anos seguintes.
24 coisas que 2016 me ensinou:
1. As pessoas são temporárias nas nossas vidas. Todas. E todas se vão exatamente no momento que deveriam ter ido. Não adianta chorar nem reclamar, se é o momento delas irem embora, elas vão.
2. Crescer, muitas vezes, significa se sentir sozinho.
3. As pessoas que você tem ao seu redor têm um impacto direto em como você se sente. Se elas não estão te fazendo bem, por que continuar ao lado delas?
4. Pessoas que você nunca imaginaria que sairiam da sua vida, na maioria das vezes, saem. E não tem problema.
5. A sua felicidade deve vir sempre em primeiro lugar.
6. Ajudar os outros te faz crescer como pessoa.
8. Os problemas do mundo não são seus para você carregar nas costas. As injustiças do mundo não são culpa sua. Trabalhe para melhorá-los, mas não se culpe se não conseguir.
9. Às vezes você vai sentir falta de pessoas que te machucaram. Não tem problema. Isso significa que elas foram importantes na sua vida e que você soube amá-las.
10. Aprenda a perdoar.
11. Você vai crescer, e você vai se distanciar cada vez mais da pessoa que você já foi um dia. Certifique-se que você está se distanciando na direção certa.
12. 365 dias podem mudar muita coisa.
13. Lutar pelo o que você acredita vai te trazer muita dor de cabeça e muita decepção, mas é extremamente necessário. Não desista.
14. Não se compare com os outros. A vida não deveria ser uma grande competição entre quem é mais bem sucedido, bonito ou popular. Cada pessoa tem seu brilho próprio. O sucesso de uma pessoa não significa o seu fracasso.
15. Gaste o dinheiro que você ganha com experiências, não com coisas materiais.
16. Não ponha a sua felicidade nas mãos de outras pessoas. Elas vão derrubar. Elas sempre derrubam.
17. Aprenda a admitir que está errado, quando estiver.
18. Tente não se preocupar com o que os outros pensam de você. Se conseguir, me conte como.
19. SE IMPONHA. Não tolere o desrespeito e não tenha medo de dizer o que você pensa.
20. Se informe antes de opinar sobre qualquer assunto. O mundo não precisa da sua opinião em todos os assuntos.
21. Não importa o que você faça ou diga, as pessoas vão sempre acreditar no que elas querem acreditar.
22. Aprenda a escolher as suas batalhas. Existem coisas que simplesmente não valem a pena.
23. Não desista, tem sempre alguém se inspirando em você.
24. Comece hoje aquele projeto que você tem em mente, ou comece a aprender a tocar aquele instrumento que você sempre quis, ou aquele idioma que você sempre quis falar, ou comece hoje a juntar dinheiro pra aquela viagem que você sempre quis fazer. Daqui a um ano você vai desejar ter começado agora.
Feliz 2017!
Amanda Areias
terça-feira, 27 de dezembro de 2016
segunda-feira, 26 de dezembro de 2016
Falem o que der na telha,mas.....
O Estado tá falido?Sim
O PMDB destruiu minha cidade?Sim
Minha cidade no entanto continua linda!
O Rio...ah....é tudo de bom!
Hoje?
O mar?translúcido
A temperatura da água?22º
Um ventinho fantástico!
Mesmo com bandeira vermelha(valas e correnteza) são meio século de praia......kkkkkk
Carioca que é carioca saca aonde e quando mergulhar
Tarde inda de céu azul...as 18:30?Ah o rei Sol lá....iluminando o céu....
Demaissssssssssssss
sábado, 24 de dezembro de 2016
Falou por mim
Para alguns, hoje é dia de cair de boca no peru. Outros preferem a rabanada. Tantos embrulham sua bondade em embalagens pra presente. Gosto dos que fizeram o ano inteiro o que muitos deixaram para fazer somente hoje. O fast food do perdão e da generosidade me incomoda.
Marla de Queiroz
Tô indo
Fiz o que deu, faltou
Fiz o que não deu, sobrou
Fiz de conta que não gostei, foi bom
Fiz de conta que gostei, foi ruim.
Fiz e farei enquanto viver.
Resultado? só depois vou saber
Enquanto isso sigo meu caminho...
A.D.
quinta-feira, 22 de dezembro de 2016
Do fundo do baú....
Época de Festas
Época também, de reorganizar a casa e a vida
E eis que mexendo em meu baú de fotos antigas,me deparo com essa...
De meu pai,com 1 ano no colo de minha avó....
Seu Paulo,além de um filho presente foi para mim um pai excepcional..
Creio,que mesmo com nossas divergências políticas e ideológicas,tenha sido em minha vida a única pessoa que compreendeu a mim ou minhas atitudes,escolhas,caminhos
Foi um pai parceiro,nada castrador,apesar de sua formação militar
Carrego com orgulho meu sobrenome,pois carrego representando meu pai e tudo o que representou e ainda representa para mim
quarta-feira, 21 de dezembro de 2016
Eu não gosto tb!
Texto de Aldemar Paiva.
"Eu não gosto de você Papai Noel!
Também não gosto desse seu papel de vender ilusão pra burguesia. Se os meninos pobres da cidade soubessem o desprezo que você tem pelos humildes; pela humildade, eu acho que eles jogavam pedra em sua fantasia."
terça-feira, 20 de dezembro de 2016
Os estertores da velha classe política – João Rego
05.12.2016
Os Romanov exerceram o poder na Rússia por três séculos. Com a Revolução Bolchevique, Nicolau II e toda sua família, última da dinastia, tiveram um fim trágico, e a Rússia experimentou uma ruptura no seu processo econômico, político e social. Aqui no Brasil, a Revolução de 1930 pôs fim à Velha República, deixando para trás o governo das oligarquias. De republica em república, de revolução em revolução, demarcadas por algumas assembleias nacionais constituintes, e depois do longo e doloroso Regime Militar, a nação, a partir de 1985, desembocou nas águas da democracia constitucional. São trinta e um anos de prática democrática…..
Acontece que as práticas de reprodução da elite política preservam — com seu conjunto de leis e meios ilegais— de forma perversa e espantosamente imutável, os mesmos mecanismos arcaicos de dominação, onde relações promíscuas entre grandes grupos empresariais e os partidos forjam os destinos do país. Isto, com certa complacência da classe média, cuja componente ideológica mais forte reside na preservação do seu padrão de consumo — é assim em todas as democracias ocidentais — enquanto as classes sociais mais baixas, a periferia e os grotões, veem, em cada episódio eleitoral, uma oportunidade para tirar alguma vantagem material, mesmo que provisória e ao elevado custo de adiar, ad infinitum, seu estado de miséria estrutural.
Os políticos, até os movidos pelos mais nobres propósitos, costumam sucumbir diante dessa prática arcaica de reprodução de poder. Munidos de seus marqueteiros, alinham o discurso com aquilo que o povo deseja ouvir, articulam-se com “generosos” empresários para financiarem suas campanhas, e pronto: mais um mandato garantido, mais uma toiceira de cargos para distribuir entre parentes e amigos, e mais uma série de emendas parlamentares para suas regiões de atuação e, obviamente, contratos para as empresas que investiram vultosas somas em suas campanhas.
Claro que existe um segmento de eleitores estruturados ideologicamente, assim como de políticos: os formadores de opinião, normalmente residentes nos grandes centros urbanos e com elevado nível educacional. Estes exercem uma outra relação, digamos, mais republicana, nos processos eleitorais, mas mesmo eles não têm nenhum controle sobre essas “transações tenebrosas”, onde seus políticos eleitos deitam e rolam, chafurdando na lama da corrupção e da iniquidade humana.
Em resumo: subjacente à democratização, viceja nos esgotos da nossa recente história a corrupção e sua fiel parceira, a impunidade, formando uma elite política descolada da realidade social e da sociedade civil, com perigosas falhas estruturais em suas fundações.
Estes mecanismos têm a força da lei da gravidade, atingem a todos.
(R)EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Estamos experimentando a universalização de uma importante transformação social, por meio das tecnologias da informação e da comunicação. No Brasil, tivemos em junho de 2013 as Manifestações dos 20 centavos, protestos que paralisaram a nação, onde a comunicação através das redes sociais foi a principal força impulsionadora. O longo processo do impeachment de Dilma Rousseff, com novas manifestações de milhares de pessoas nas ruas das grandes cidades, somando-se ao acompanhamento, quase em tempo real, da Operação Lava Jato e das condenações de personagens importantes do mundo empresarial e da política, são algumas balizas que apontam para um fenômeno fundamental na construção da nova prática política: o fortalecimento da sociedade civil, e seu papel como protagonista do complexo processo político, em um ambiente democrático.
Com a reconfiguração das 10 Medidas contra a Corrupção na Câmara dos Deputados, na semana passada – uma iniciativa popular, que obteve 2,5 milhões de assinaturas – evidenciaram-se os estertores das práticas da velha classe política, que, no desespero de safar-se das investigações – mais ameaçadoras agora com as delações premiadas de 78 executivos da Odebrecht — tripudiou sobre a vontade de expressiva camada da população, que não aceita mais o sistema onde a moeda de troca do complexo jogo de interesses, em uma democracia, são os acordos inconfessáveis entre políticos e empresários, sempre dissociados do bem comum e da sociedade civil.
Aponto pelo menos três vertentes estruturadoras do novo momento da história política nacional:
- Sociedade civil mais atuante, em decorrência da enorme capacidade de comunicação capilar pelas redes sociais, consolidando um papel de maior protagonismo nos destinos da nação, e exercendo legítima pressão nas decisões políticas.
- Novas formas de representação política – enfim, a democracia direta, mesmo que cibernética— como a Iniciativa Popular e outras, que irão substituir os sistemas atuais.
- O surgimento de uma nova geração de homens públicos (Geração pós Lava Jato?) e de empresários, cujo valor ético se imporá pela força da lei e da prova da realidade de que corrupção tem um elevadíssimo custo. Será mais lucrativo e bem menos arriscado ser honesto.
É muito provável que o novo ainda demore a substituir o velho, até porque uma nova geração de políticos, empresários e eleitores deverá surgir, e isso toma algum tempo, mas o balizamento e os caminhos que levarão a nação para um futuro democrático sólido já estão lançados. E nesse futuro, a sociedade civil não vai abrir mão do seu papel de protagonista do processo político, onde os Romanov da velha e viciada prática política nacional serão, enfim, soterrados pela História.
***
MORREU MAX ALTMAN, MEU PAI
Nessa segunda-feira, dia 19 de dezembro, às 21h15, faleceu um militante internacionalista de toda a vida. Um homem que dedicou sua existência à luta pelo socialismo, à revolução proletária e à solidariedade anti-imperialista.
Aos onze anos, filho de um revolucionário polonês de origem judaica, integrou-se ao Partido Comunista, com o qual romperia em 1984, para se juntar ao Partido dos Trabalhadores.
Advogado, editor e jornalista, forjou sua biografia com destemor. De rara cultura e hábitos simples, teve um só lado desde muito jovem: o do movimento de libertação dos trabalhadores.
Era um filho da revolução de outubro. Da resistência contra a ditadura à defesa dos governos petistas, sempre esteve nas primeiras fileiras de combate.
Não hesitou jamais na oposição aberta ao sionismo, na solidariedade incondicional com a revolução cubana e no apoio incansável aos governos progressistas da América Latina, particularmente à revolução venezuelana.
Foi um grande pai, meu e de meus irmãos, Fabio Altman e Rogerio Altman.
Um avô terno e atencioso para nossos filhos, seus netos.
Um companheiro dedicado às duas mulheres que amou, minha mãe Raquel e sua esposa atual, Liria Pereira.
Um camarada de seus camaradas.
Nunca esqueceremos os valores que sempre nos ensinou e a todos que nos cercavam: a valentia, a lealdade, a coerência, a honestidade, a abnegação, o compromisso com o conhecimento e o trabalho, a dedicação ilimitada à luta dos povos.
Há um mês foi diagnosticado com tumor cerebral, do tipo mais agressivo, dez anos depois de ter se curado de uma leucemia.
Morreu aos 79 anos, ao som de Les Amants de Paris, cantada por Edith Piaf, assistido por minha companheira, Flávia Toscano, que testemunhou o último suspiro desse homem inesquecível.
Seu velório será aberto às 15h dessa terça-feira, dia 20 de dezembro, e ocorrerá na Casa do Povo (rua Três Rios 252, Bom Retiro, São Paulo, perto da estação Tiradentes do metrô).
Às 19h30, no mesmo local, haverá homenagem de seus amigos e camaradas, como corresponde à boa e velha tradição comunista.
Às 21h30 seu corpo será trasladado para o Cemitério de Vila Alpina, onde será cremado.
Suas cinzas, conforme seu desejo expresso, serão jogadas sobre a mureta do Malecón, em Havana, capital da Cuba socialista.
Breno Altman
Bial,sobre o Amor
É fácil amar o outro na mesa de bar, quando o papo é leve, o riso é farto e o chopp gelado. É fácil amar o outro nas férias, no churrasco, nas festas ou quando se vê de vez em quando. Difícil é amar quando o outro desaba, quando não acredita em mais nada e entende tudo errado, quando paralisa, perde o charme, o prazo, a identidade e a coerência. Nessas horas que se vê o verdadeiro amor, aquele que quer o bem acima de tudo. É esse amor que dura para sempre, na verdade, esse é o único tipo que pode ser chamado de amor
quinta-feira, 15 de dezembro de 2016
Greg Lake
Semana passada a música perdeu o mestre Greg Lake, da banda Emerson, Lake & Palmer. Greg compôs alguns dos sons mais importantes do trio e um deles foi “From the Beginning”, da qual ele alegava não lembrar de onde havia tirado a ideia pra letra: “Muitas vezes as letras surgem simplesmente pela forma como a pessoa está se sentindo na hora. Não há um momento de inspiração divina ou plano maior e eu tenho certeza que esse foi o caso desta música.”, disse.
Convidamos você a celebrar o talento e a vida de Greg Lake ouvindo “From the Beginning” em sua versão remasterizada na playlist Clássicos Acústicos: http://bit.ly/sptfPeaceLv
Não sirva e encontre a liberdade, ensinou La Boétie
A recusa em obedecer aos tiranos e a luta pela liberdade podem desestabilizar o poder tanto ou mais do que o uso da força, esse é o grande achado do escritor francês Étienne de La Boétie em seu breve livro do século 16, Discurso da Servidão Voluntária. Para La Boétie, os tiranos sobrevivem da servidão voluntária, se o cidadão se libertar dos grilhões, o governo se enfraquece naturalmente.
A ideia da desobediência civil na briga contra a injustiça e o arbítrio, muito utilizada na luta política nos anos 60, formulada pelo pensador Henry Thoreau no século 19 sofreu forte influência também do livro de La Boétie, que destacou-se no contexto de textos panfletários, em sua maioria de escritores protestantes, contra os constantes abusos da monarquia.
“Os próprios povos que se deixam, ou melhor, que se fazem maltratar, pois seriam livres se parassem de servir. É o próprio povo que se escraviza e se suicida quando, podendo escolher entre ser submisso ou livre, renuncia à liberdade, e aceita o jugo; quando consente com seu sofrimento, ou melhor, o procura” (Étienne de La Boétie).“Coisa realmente admirável, porém tão comum, que deve causar mais lástima que espanto, ver um milhão de homens servir miseravelmente e dobrar a cabeça sob o jugo, não que sejam obrigados a isso por uma força que se imponha, mas porque ficam fascinados e por assim dizer enfeitiçados somente pelo nome de um, que não deveriam temer, pois ele é um só, nem amar, pois é desumano e cruel com todos” (Étienne de La Boétie).
A data do texto é discutida até hoje, seu grande amigo, o escritor Michel de Montaigne revelou que ele escreveu Discurso da Servidão Voluntária quando tinha apenas 18 anos. Acredita-se que ele começou a escreveu o livro entre 1546 e 1548, ou seja, ainda adolescente, ele nasceu em 1530. A obra mais conhecida de La Boétie só foi publicada após sua morte em 1563. Montaigne bancou a publicação de Servidão e outros escritos do amigo em 1571.
No livro, Boétie se mostra fascinado pelas intrigas da corte romana de onde extrai valiosas lições dos meandros da política, aborda as fraquezas da tirania e tece loas à liberdade. O inconformismo do escritor com a incongruência entre a natureza humana e o ato de obedecer, ao cúmulo de alguns rastejarem perante o governo da vez, inspira a luta democrática até hoje.
“Não se pode entrar em entendimento de ninguém que a natureza tenha posto alguém em servidão, porque ela nos reuniu todos em companhia. Contudo, de nada adianta debater se a liberdade é natural, pois não se pode manter alguém em servidão sem prejudicá-lo: não há no mundo nada mais contrário à natureza, completamente racional, que a injustiça. A liberdade é, portanto, natural. Por isso, a meu ver, não só nascemos com ela, mas também com a paixão para defendê-la” (Étienne de La Boétie).“Não pode haver amizade em que se encontrem a crueldade, a deslealdade, a injustiça. Quando os maus se reúnem há uma conspiração, não uma sociedade. Não se amam, mas se temem. Não são amigos, mas cúmplices” (Étienne de La Boétie).
O escritor perdeu seu pai, Antoine, muito cedo aos 10 anos e provavelmente sua mãe (esse dado histórico não pode ser totalmente confirmado) e passou a ser criado por um tio que também era seu padrinho. O tio assegurou uma boa educação ao sobrinho que estudou autores clássicos romanos e gregos. Na Universidade de Orléans, estudou Direito e ampliou seus interesses no estudo da Filosofia, História e Poesia.
Texto inspirado pelo professor Edson Passetti da PUC-SP, entusiasta da obra de La Boétie e quem me apresentou o autor há 20 anos.
Fonte usada: “Discurso da Servidão Voluntária”, Étienne de La Boétie, Editora Martin Claret.Fernando do Valle
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