sexta-feira, 29 de julho de 2016
Ah Rubem Alves....
Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltavam poucas, rói o caroço. Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte. Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Já não tenho tempo para conversas intermináveis para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas que, apesar da idade cronológica, são imaturas. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral ou semelhante bobagem, seja ela qual for.Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar ao lado de Deus.Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo. O essencial faz a vida valer a pena. Basta o essencial!
Rubem Alves
Que grande verdade!
Todo dia, alguma coisa se quebra dentro de nós.
Todo dia, andamos de mãos dadas e sós.
Todo dia, andamos de mãos dadas e sós.
João Andrade
quinta-feira, 28 de julho de 2016
Gramsci e Eu
quarta-feira, 27 de julho de 2016
A rosa torta da vida
de toda rosa que sei
há uma rosa suicida
andando por onde andei
a rosa torta da vida
na vida me degradei
em carreira desabrida
nos passos que caminhei
a rosa torta da vida
quanta vida eu lamentei
no gesto de suicida
das vezes que me matei
a rosa torta da vida.
romério rômulo
domingo, 24 de julho de 2016
Moraes revoga a lei: suspeitos do “terror amador e porralouca” não podem ver advogados
Toda pessoa que é presa tem direito a um advogado, certo?
Errado.
Não é mais assim no governo interino, com o Ministro Lex Luthor, digo, Alexandre de Moares.
Se alguém for preso quarta, quinta, sábado e domingo e levado a um presídio federal, fica sem advogado, que só pode ir lá “nas segundas, terças e sextas-feiras, por um período máximo de uma hora”, segundo portaria editada no dia 28 de junho.
É o que revelam Márcio Neves e Vinícius Segalla, do UOL, em reportagem que mostra que os acusados de “terrorismo” presos com imenso espalhafato – veja daqui a pouco as considerações da Janio de Freitas sobre isso – não puderam falar com os advogados contratados por suas famílias e que tentaram vê-los ontem, na penitenciária federal do Mato Grosso do Sul.
A reportagem apurou que as autoridades no local não deixaram que os presos sequer assinassem as procurações que tornariam os advogados formalmente seus representantes legais. Sem posse deste documento, os advogados disseram que não podem ter acesso aos autos da investigação, conhecer os motivos que levaram seus clientes a serem presos e nem entrar com um pedido de habeas corpus caso entendam que a prisão tenha sido ilegal.(…) caso os advogados ainda não sejam oficialmente constituídos como representantes legais de seus clientes, então eles devem enviar a procuração para análise do departamento jurídico da unidade prisional, que tem, a partir daí, de acordo com os defensores, dez dias para analisar o documento.
E como qualquer preso tem o direito de só aceitar ser interrogado na presença de seu advogado – lembra dos filmes? “você tem direito a um advogado, tem o direito a permanecer em silêncio e tudo o que falar poderá e será usado contra você”? – todos os depoimentos que prestaram será anulado e desprezado judicialmente.
A não ser que tenha sido revogada a lei 8.906, que diz para qualquer um ler:
Art. 7º São direitos do advogado:
III – comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis;
Francamente, nem na ditadura se fazia isso.
Ou será que acham que os advogados são ligados ao “Estado Islâmico”?
Cadê a Ordem dos Advogados? Está estudando “pedaladas” ou “paneladas”?
POR FERNANDO BRITO · 24/07/2016
Terroristas ou trapalhões... Governantes ou farsantes?
O que poderia ser um marketing de competência e tributo ao governo interino de Temer, pode se transformar na maior roubada em que ele podia se meter e nos meter a nós brasileiros...
Esse 'foguetório cinematográfico' na prisão dos dez brasileiros presos e acusados por suspeitos de terroristas, só porque eram bocudos e viviam falando nas redes sociais que eram simpatizantes do Estado Islãmico e suas práticas terroristas, pode acarretar duas coisas gravíssimas, a saber:
1) Diminuir ainda mais a presença de público nas olimpíadas, pois às pessoas se assustariam, por entenderem, que mesmo com esses 'terroristas' presos, poderiam existir outros e os atentados aconteceriam;
2) O mais grave, o Estado Islãmico ficar invocado, por terem encenado toda essa dramaturgia sem provas quaisquer e, agora resolver mesmo, fazer um ataque, exatamente para provar ao mundo, que as autoridades brasileiras estão brincando com coisa séria, quando afirmam terem prendido militantes de seus quadros, ou seja, fazem só para provar que o Brasil não tem qualquer recurso tecnológico ou de pessoal, para impedir eles de aturem em nosso território.
Analisemos, amigos, se há qualquer cabimento nesses caras serem terroristas:
a) Os caras viviam abertamente em seus perfis em redes sociais, falando de suas simpatias pelo terrorismo e, bem sabemos, que a maior virtude de um terrorista ou grupo, é sempre a discrição, o anonimato.
b) Outro fator que prova por a+b que se tratavam de amadores; sonhadores, foi eles tentarem adquirir um fuzil pela Internet, isto é, os caras são terroristas e sequer têm um único fuzil, precisando se arriscarem a pesquisar pela compra de um na Web. Será que as práticas no mundo do terror mudaram tanto, que não são mais os grupos ou células de grupos, quem distribuem o armamento bélico e às bombas aos seus militantes ativistas?
c) E, por último, eram doze suspeitos, 10 foram presos sem qualquer resistência e um se entregou as forças policiais... Onde alguém já viu terroristas se deixarem prender sem resistência e, mais ainda, como aconteceu com o décimo primeiro, que procurou espontaneamente a polícia para se entregar (risos).
Antônio Poeta
sábado, 23 de julho de 2016
sexta-feira, 22 de julho de 2016
quinta-feira, 21 de julho de 2016
Fiel escudeiro
Ah esse é meu fiel escudeiro...
Paixão de todos
Minha filhota o desenhou dormindo,sendo fiel as cores da caminha e do cobertor...
Minha artista a Bell...
Bem por aí....
Esse filme é velho
A ditadura militar já passou em primeira mão...
Cortando conteúdos,implantando outros do interesse deles...OSPB,Moral e Cívica,Programa de Saúde
O objetivo?
Imbecilizar o povo e com isso manipular com mais facilidade
quarta-feira, 20 de julho de 2016
Nem tudo está perdido na humanidade
Homem esconde Wally para que crianças possam encontrá-lo
O operário Jason Haney teve uma ideia incrível para alegrar crianças que estão internadas no Memorial Children’s Hospital, que fica em frente à construção onde ele trabalha, nos Estados Unidos.
Com a ajuda de sua filha, o operário construiu um Wally de madeira de 2 metros de altura que é escondido todos os dias na construção. Da janela do hospital, as crianças tentam encontrá-lo.
By Catraca Livre
Na escola sem partido. a matemática sem “ideologia”.
Absolutamente genial, o colunista Paulo Cândido, no Diário Catarinense, imagina o futuro com o triunfo do “Escola Sem Partido”:
– Bom dia, professor, aqui é Luíza, do Departamento de Desideologização de Material Didático da editora.
– Bom dia, Luíza. Em que posso ajudar?
– É sobre algumas modificações que precisamos que sejam feitas no seu livro.
– Mas eu sou professor de matemática, filha…
– Sim, mas tem uns problemas.
– Meu livro é para o ensino fundamental…
– Então. O seu caso é simples, o senhor vai ver.
– Fale…
– Logo no início, nos exercícios de adição. Tem o exercício 6 na página 23, “João não conseguia dormir então começou a contar os carneirinhos que, na sua imaginação, pulavam uma cerca”.
– E qual o problema?
– O problema é que os carneirinhos pulando a cerca são uma crítica velada aos enclosements ingleses e uma referência à acumulação primitiva do capital. Propomos mudar para “franguinhos entrando no navio, que o pujante agronegócio brasileiro exporta para a Europa”.
– Ninguém conta frangos para dormir.
– Justo, por causa da ideologia que sataniza o produtores rurais que põem comida na nossa mesa. Tem outro, mais para frente, na página 32, o exercício 7 diz que “Rita tinha 18 bananas e comeu 4”. Bananas é uma referência ao Brasil como uma Banana Republic, não pode.
– Troca por laranjas.
– Aí seria uma crítica aos prestadores de serviço financeiros que ajudam os empresários a impedir que o governo tome seu dinheiro através dos impostos. Trocamos por abacaxis.
– Abacaxis? Ninguém come quatro abacaxis.
– Sim, também trocamos “comeu 4” por “vendeu 4 livremente realizando um justo lucro por seu esforço”.
– As crianças de 8 anos vão entender isso?
– Vão entender se for explicado, se a ideologia deixar de ocultar delas como as relações comerciais fazem justiça a quem produz.
– Ah, tá. Mais alguma coisa?
– Tem mais umas coisinhas, eu mando por e-mail. Mas o mais grave é a parte final do livro. Precisamos marcar uma reunião para rever os capítulos 7 e 8.
– Divisão?
– Isso. Divisão é um conceito marxista que não pode ser usado para doutrinar as criancinhas.
– Mas como as crianças vão aprender aritmética sem divisão?
– Nossos especialistas estão finalizando uma proposta. A ideia geral é mostrar que a divisão pode ser correta, desde que a operação reflita que, por exemplo, 100 reais divididos por 100 pessoas resulte em 99 reais para uma e o real restante dividido entre as outras 99.
– Mas isso acaba com a Matemática!
– Acaba com a Matemática Igualitária e Comunista que imperou até hoje, professor, e a substitui por uma matemática mais justa! Já temos até um projeto de lei para ser apresentado ao Congresso tornando obrigatório o ensino da Matemática Meritocrática!
Uauuuuuuuuuuuuuuuuuu
CURSO PARA O COXINHA ESCLARECIDO
por Luiz Carlos Azenha, no Facebook do Viomundo, com revisão que implicou em acréscimos e ajustes
Agora que você conseguiu derrubar uma presidente da República com premissas e argumentos falsos, é hora de sofisticar sua capacidade de debate.
Não seja confundido com um mero seguidor do intelectual pornô Alexandre Frota. Pega mal na turma.
Você certamente é muito mais sofisticado que isso.
Provavelmente você é admirador dos Estados Unidos e, ao mesmo tempo, do Estado Mínimo, escrito assim em maiúsculas para denotar a centralidade deste item na pauta neoliberal.
Nunca confunda uma coisa com outra. Por mais que a Miriam Leitão sugira isso, os Estados Unidosnão são um Estado Mínimo.
Palavra de quem morou lá duas décadas e tem duas filhas novaiorquinas (na verdade, de tripla nacionalidade, dentre as quais preferem a brasileira), com direito a tirar proveito do estado de bem estar social dos Estados Unidos.
Você costuma confundir estado de bem estar social com comunismo (como em Bolsa Família, médicos cubanos, etc.). Nos Estados Unidos, ele é resultado do anticomunismo.
Preste atenção: quem implantou o estado de bem estar social nos Estados Unidos foi o presidente Roosevelt. O país vinha do crash econômico de 1929. Depressão econômica. Os sindicatos eram fortes.
Para cooptar os sindicatos e evitar a ascensão dos comunistas, Roosevelt resolveu implantar programas sociais e salvar o capitalismo. Portanto, as coisas que ele bolou e implantou eram uma forma de combater o comunismo. Logo, anticomunistas.
Chamar o Roosevelt de comunista é tão absurdo quanto chamar o Lula ou a Dilma ou o PT de comunista. Eles são social democratas.
No Brasil, o partido que tem social e democratas no nome não é nem uma coisa, nem outra.
Voltemos aos Estados Unidos. Por mais que a partir daquele seu grande herói, o Reagan, os EUA tenham dilapidado o estado de bem estar social, os pilares deles subsistem: Social Security, Medicare, Medicaid e Food Stamps.
Pode chamar de Previdência Social, Bolsa Terceira Idade, Bolsa Plano de Saúde e Bolsa Família.
Essa ideia, de que o Estado deve ajudar a cuidar dos mais fodidos, é uma coisa antiga, que surgiu em outro país que você admira muito, a Alemanha. Mas não quero dar overload de informação no seu cérebro.
Basta você registrar isso: por causa dos programas sociais acima — e de outros fatos que apresentarei em seguida — os Estados Unidos não são um Estado Mínimo.
Pelo contrário, os EUA se assentam sobre um Megaestado, muito maior que o brasileiro.
Se você quer alguns exemplos de Estado Mínimo, eu os ofereço: México, Honduras e Paraguai, países que você certamente despreza e nunca utiliza como exemplo para reforçar seus argumentos.
Portanto, sempre que você falar em Estado Mínimo, esqueça os Estados Unidos e diga: “Devemos fazer como lá no Paraguai, que…”
Acrescente, em seguida, os argumentos pelos quais o Brasil deve seguir o mesmo caminho. A gente quer coxinhas sofisticados e intelectualmente honestos!
INTERVENCIONISMO ESTATAL
Caro amigo, você passou com louvor pela primeira aula. Para encarar a segunda, temos de voltar no tempo.
Vamos falar sobre intervencionismo estatal.
Anos 70. Você não tinha nascido. Eu estudava na Old Mill Senior High School, no condado de Glen Burnie, estado de Maryland. Fiz todas aquelas bobagens que você vê nos filmes de escola gringa, inclusive levar a linda Töve, estudante sueca, ao baile de formatura.
Meu pai americano era vendedor de seguros e trabalhava em Baltimore, cidade que visitei algumas vezes.
Os americanos, como a minha família, tinham se mudado em massa para loteamentos distantes, tipo Alphaville.
A indústria de base tinha abandonado o país em busca de salários mais baixos em outros lugares do mundo.
Sem a grana dos impostos, as áreas metropolitanas tinham entrado em decadência profunda: prédios abandonados, crime, tráfico de drogas.
É óbvio que você, que prega o Estado Mínimo, defenderia para este caso uma solução tocada pela mão invisível do mercado.
Se você condena o BNDES, bote um isordil sob a língua para encarar o que vou te contar.
Os governos americanos enfrentaram o problema despejando bilhões de dólares na recuperação dos centros urbanos, em dinheiro vivo ou deixando de cobrar impostos.
Funcionou mais ou menos assim: os governos reduziram os impostos para empresas que se instalassem em áreas degradadas.
Em alguns casos, exigiram que as empresas contratassem moradores locais.
Com salário garantido, os moradores financiavam apartamentos em prédios reformados com dinheiro público, tipo Minha Casa Minha Vida.
Que horror! Puro dirigismo estatal.
Baltimore ganhou um lindo shopping center bem na marina. Cleveland, Detroit… aconteceu o mesmo num grande número de cidades dos Estados Unidos.
Mais tarde, foi assim no Harlem e no Times Square, em Nova York.
Quando conheci o Harlem, em 1985, parecia um bairro recém bombardeado. Hoje você pode até ir àquela missa gospel recomendada pelos reaças do Manhattan Connection, também defensores do Estado Mínimo (para os outros).
E você que pensou que o intervencionismo estatal nos Estados Unidos fosse coisa da crise de 2008, quando o Obama salvou os bancos e a General Motors!
Portanto, quando você fizer o próximo selfie diante daquele teatro da rua 42, escreva na legenda: “Mamando nas tetas do Estado americano”.
O Lion King só passa lá por conta do intervencionismo estatal com dinheiro público.
MANIPULAÇÃO DO LIVRE MERCADO COM AJUDA BILIONÁRIA AOS MAIS RICOS
Chegamos ao último capítulo: manipulação do “livre mercado”, aquele pelo qual você tem uma admiração quase religiosa.
Sabemos que você abomina o Bolsa Família: distorce a livre competição por mão de obra no mercado de trabalho.
Note, no entanto, que este não é um “problema” exclusivamente brasileiro.
Na tão admirada América — é assim que você chama os Estados Unidos — o número de usuários da versão local do Bolsa Família, os Food Stamps, está próximo de 45 milhões de pessoas.
Sabe por que os Food Stamps sobrevivem na América? Não é apenas por causa da compaixão dos conservadores.
O programa é defendido pela indústria da alimentação! Há restrições ao que pode ser comprado com o cartão, que foca nos produtos da indústria local de alimentos processados. Assim, ela fatura uma enormidade com os pobres.
Portanto, quando o Lula falava que o Bolsa Família fazia girar o comércio e a indústria locais, não é que ele tinha razão?
Mas, na terra do suposto Estado Mínimo, os Food Stamps são um exemplo menor de como o dinheiro público ajuda os mais ricos.
Nem sempre beneficiando os mais pobres.
Você já pensou o que representam para a indústria farmacêutica as compras governamentais dos Estados Unidos?
Elas são tão importantes para os lucros das companhias que o Congresso, cedendo ao lobby das farmacêuticas, proibiu — em alguns casos — o governo de negociar diretamente com as empresas para baixar o preço das drogas oferecidas nos programas públicos.
O Estado Mínimo paga o Preço Máximo!
É uma baita distorção do Livre Mercado, que vai parar direto no bolso de companhia farmacêuticas trilionárias.
Como exemplo final, os subsídios da agricultura. Você sabia que a América gasta U$ 45 bi anuais para bancar o plantio de trigo, algodão, milho, soja e arroz?
Sabia que a grana fica principalmente com as grandes empresas do agribusiness, em vez de ajudar os agricultores mais pobres?
Você, que sempre protesta contra os subsídios da Lei Rouanet, deveria protestar contra o David Rockefeller: o bilionário levou meio milhão de dólares em subsídios agrícolas do Estado Mínimo!
Sabe as consequências do Bolsa Fazendeiro?
Mais pobreza na África e na América Latina, cujo potencial exportador fica comprometido pelo derrame de dólares em larga escala na produção agrícola da América — os europeus, aliás, fazem igualzinho.
Portanto, em sua próxima viagem a Miami, não esqueça de reservar um dia para protestar. Junte os amigos pelo Facebook.
Sugestão de faixas, direto do Google Translator: “Food Stamps is a factory of floaters”, “Rockefeller suckle the government teats”, “Military intervention already”.
Folha de São Paulo,manipuladora....mas....desmascarada
Fraude confirmada: Datafolha admite "imprecisão" pró-Temer em sua pesquisa http://bit.ly/2a8kaE3 O Instituto Datafolha confirma que cometeu uma "imprecisão", ao divulgar pesquisa, no último domingo, informando que 50% dos brasileiros querem que Michel Temer continue presidente e apenas 3% defendem novas eleições – eram 60% há apenas dois meses que pregavam a saída do interino; a fraude foi apontada por 247 no último domingo e denunciada ontem pelo jornalista Glenn Greenwald; Folha chegou aos 50% pró-Temer ao excluir da questão "Dilma ou Temer" a hipótese de novas eleições; erro foi reconhecido por Luciana Schong, diretora do Datafolha, que afirmou, no entanto, que as perguntas foram determinadas pela Folha, de Otávio Frias Filho; segundo Greenwald, ao incitar um golpe e manipular informações para que ele se consolide, a mídia brasileira representa uma ameaça à democracia e à liberdade de expressão
By 247
terça-feira, 19 de julho de 2016
Como assim, escola sem ideologia?
Como assim, escola sem ideologia?
A escola sem um professor de história de esquerda é como uma escola sem pátio, sem recreio, sem livros, sem lanchonete, sem ideias. É como um professor de educação física sem uma quadra de esportes, ou uma quadra sem redes, ou crianças sem bola.
O professor de história tem que ser de esquerda. E barbudo. Tem que contestar os regimes, o sistema, sugerir o novo, o diferente. Tem que expor injustiças sociais, procurar a indignação dos seus alunos, extrair a bondade humana, o altruísmo.
Como abordar o absolutismo, a escravidão, o colonialismo, a Revolução Industrial, os levantes operários do começo do século passado, Hitler e Mussolini, as Grandes Guerras, a Guerra Fria, o liberalismo econômico, sem a leitura da luta de classes, uma visão da esquerda?
A minha do colegial era a Zilda, inesquecível, que dava textos de Max Webber, do mundo segmentado do trabalho. Ela era sarcástica com a disparidade econômica e a concentração de renda do Brasil. Das quais nossas famílias, da elite paulistana, eram produtoras.
Em seguida veio o professor Beno (Benauro). Foi preso e torturado pelo DOI-Codi, na leva de repressão ao PCB de 1975, que matou Herzog e Manoel Fiel Filho. Benauro era do Partidão, como nosso professor Faro (José Salvador), também preso no colégio. Eu tinha 16 anos quando os vimos pelas janelas da escola, escoltados por agentes.
Outro professor, Luiz Roncari, de português, também fora preso. Não sei se era do PCB. Tinha um tique nos olhos. O chamávamos de Luiz Pisca-Pisca. Diziam que era sequela da tortura. Acho que era apenas um tique nervoso. Dava aulas sentado em cima da mesa. Um ato revolucionário.
Era muito bom ter professores ativistas e revolucionários me educando. Era libertador.
Não tem como fugir. O professor legal é o de esquerda, como o de biologia precisa ser divertido, darwinista e doidão, para manter sua turma ligada e ajudar a traçar um organograma genético da nossa família. A base do seu pensamento tem de ser a teoria da evolução. Ou vai dizer que Adão e Eva nos fizeram?
O de química precisa encontrar referências nos elementos que temos em casa, provar que nossa cozinha é a extensão do seu laboratório, sugerir fazer dos temperos, experiências.
O professor de física precisa explicar Newton e Einstein, o chuveiro elétrico e a teoria da relatividade e gravitacional, calcular nossas viagens de carro, trem e foguete, mostrar a insignificância humana diante do colossal universo, mostrar imagens do Hubble, buracos negros, supernovas, a relação energia e massa, o tempo curvo.
Nosso professor de física tem que ser fã de Jornadas nas Estrelas. Precisa indicar como autores obrigatório Arthur Clarke, Philip Dick, George Orwell. E dar os primeiros axiomas da mecânica quântica.
O professor de filosofia precisa ensinar Platão, Sócrates e Aristóteles, ao estilo socrático, caminhando até o pátio, instalando-se debaixo de uma árvore, sem deixar de passar pela poesia de Heráclito, a teoria de tudo de Parmênides, a dialética de Zenão. Pula para Hegel e Kant, atravessa o niilismo de Nietzsche e chega na vida sem sentido dos existencialistas. Deixa Marx e Engels para o professor de história barbudo, de sandália, desleixado e apaixonante.
O professor de português precisa ser um poeta delirante, louco, que declama em grego e latim, Rimbaud e Joyce, Shakespeare e Cummings, que procura transmitir a emoção das palavras, o jogo do inconsciente com a leitura, a busca pela razão de ser, os conflitos humanos, que fala de alegria e dor, de morte e prazer, de beleza e sombra, de invenção-fingimento.
O de geografia precisa falar de rios, penínsulas, lagos, mares, oceanos, polos, degelo, picos, trópicos, aquecimento, Equador, florestas, chuvas, tornados, furacões, terremotos, vulcões, ilhas, continentes, mas também de terras indígenas, garimpo ilegal, posseiros, imigração, geopolítica, fronteiras desenhadas pelos colonialistas, diferenças entre xiitas e sunitas, mostrar rotas de transação de mercadorias e comerciais, guerra pelo ouro, pelo diamante, pelo petróleo, seca, fome, campos férteis, Civilização.
A missão deles é criar reflexões, comparações, provar contradições. Provocar. Espalhar as cartas de diferentes naipes ideológicos. Buscar pontos de vista.
O paradoxo do movimento Escola sem Partido está na justificativa e seu programa: “Diante dessa realidade – conhecida por experiência direta de todos os que passaram pelo sistema de ensino nos últimos 20 ou 30 anos –, entendemos que é necessário e urgente adotar medidas eficazes para prevenir a prática da doutrinação política e ideológica nas escolas, e a usurpação do direito dos pais a que seus filhos recebam a educação moral que esteja de acordo com suas próprias convicções.”
Mas como nasceriam as convicções dos pais que se criariam num mundo de escolas sem ideologia? E que doutrina defenderiam gerações futuras?
A escola não cria o filho, dá instrumentos. O papel dela é mostrar os pensamentos discordantes que existem entre nós. O argumento de escola sem ideologia é uma anomalia de Estado Nação.
Uma escola precisa acompanhar os avanços teóricos mundiais, o futuro, melhorar, o que deve ser reformulado. Um professor conservador proporia manter as coisas como estão. Não sairíamos nunca, então, das cavernas
Marcelo Rubens Paiva
Assinar:
Postagens (Atom)